Postagem: Livro-maquete – A gente da Pina

Entre março e novembro de 2025 a Pina realizou os encontros do Grupo de Estudos de 120 anos, oferecido para pessoas pesquisadoras, artistas e entusiastas da história da instituição. Este post é uma adaptação de um dos ensaios realizados. 

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Ao participar do grupo de estudos da Pinacoteca de São Paulo, em comemoração aos seus 120 anos, tive a oportunidade de mergulhar na sua história e arquitetura. Com três edifícios – Pina Luz, Pina Estação e Pina Contemporânea –, esta instituição pública, conta com um acervo de mais de 10 mil itens, mantém em cartaz cerca de dez exposições simultâneas, recebe em média 800 mil visitantes por ano e emprega perto de 300 pessoas.

Durante o processo de pesquisa, pude acompanhar de perto o trabalho de diversos núcleos do museu, e assim ouvir as múltiplas vozes daqueles que ali trabalham. Depois de conhecer os bastidores, voltei à Pina Luz para observar o modo como os visitantes interagem com o espaço. Apesar da Pinacoteca possuir outras duas sedes de relevância, o prédio da Luz possui uma força de atração por sua arquitetura, ao mesmo tempo imponente e “inacabada”, simétrica e inusitada, clássica e contemporânea. O edifício parece facilitar o encontro e a conexão entre as pessoas e as obras de arte.

Lembrei do que tinha ouvido dos profissionais que lá trabalham; do orgulho de fazerem da Pinacoteca um espaço de arte, cultura e resistência. A Pina é tão frenética nos bastidores quanto em seus corredores e salas de exposições. Então me veio a pergunta: será que o público já parou para pensar na quantidade e na qualidade de profissionais que é preciso para fazer este museu funcionar?

Criado como resultado desse processo, o “Livro-Maquete – A Gente da Pina” é um trabalho plástico projetado a partir do formato do Octógono, que inclui, de forma simbólica, as pessoas que fazem da Pinacoteca o museu que conhecemos. Cada profissional foi fotografado em um espaço de sua preferência, e seus retratos foram impressos em material translúcido. Dessa forma, o observador consegue ver tanto o micro – um indivíduo, o profissional – quanto o macro – a comunidade que, junta, move o museu. Da individualidade ao coletivo, uma conexão de camadas que permite enxergar, através de uma pessoa, as parcerias e as relações que constroem esse espaço.

Nos dias em que realizei as fotos, também conduzi uma breve entrevista com os retratados. Foram unânimes em destacar a importância e o valor do trabalho em equipe dentro do museu, tanto para suas vidas profissionais quanto para os pessoais.

Muitas vezes pouco visível para quem passa pelos corredores ou observa as exposições, essa rede de profissionais é o que faz a Pina atuar de forma tão relevante no cenário das artes. É irônico, pensar que uma instituição como a Pinacoteca, que foi constituída socialmente pelo que está exposto também foi fundada sob as presenças que não são perceptíveis à primeira vista: os trabalhadores. É essa camada oculta, desses 120 anos, que busco homenagear neste projeto.

Ouça trechos das entrevistas com os retratados:

Agradecimento a todas e todos que confiaram e aceitaram participar do meu trabalho: Camilla Vitti, Clarissa Ximenes, Eliane Barbosa, Flavio da Silva Pires, Jochen Volz, José da Silva Lira, Marina Mantoan, Patrícia Aparecida Batista de Souza, Sandra Freire de França, Stella Silva, Yasmin Trindade.

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Sobre a autora convidada: 

Cris Farhat é fotógrafa de arquitetura e retratos, pós-graduada em fotografia (FAAP). Se interessa pela relação afetiva e espacial entre as pessoas e os espaços, buscando as potencialidades estéticas que emergem dessa interação.