Sob inspiração das exposições de Gervane de Paula e J. Cunha, que, de maneiras diferentes, flertam com repertórios regionais e afroindígenas, o curso se propõe a pensar sobre o lugar da dita arte popular dentro da arte brasileira.
Ao mesmo tempo, convida a refletir sobre dois processos mais amplos do sistema das artes: as constantes – e muitas vezes excludentes – classificações e reclassificações de obras e artistas; e as apropriações estéticas, cada vez mais contestadas. Ao longo das aulas, serão analisados trabalhos de artistas não-hegemônicos que criaram ao longo dos séculos XX e XXI, bem como propostas curatoriais do mesmo período, a fim de compreender como o circuito institucional vem lidando com essa produção.
PÚBLICO-ALVO: pessoas professoras, pesquisadoras, artistas e público geral interessado em arte e cultura.
FORMATO: online
Seleção por ordem de inscrição através de formulário online.
DIAS E HORÁRIOS
Datas: 6, 13, 20 de maio (segundas-feiras)
Horário: das 19h às 21h
PREÇO
Inteira: R$120,00
Meia: R$60,00 (meia para professores, estudantes e pessoas acima de 60 anos)
Amigos e patronos da Pina: R$110,00
INSCRIÇÕES
As inscrições devem ser feitas a partir de 8 de abril pelo site da INTI.
Professores de escolas públicas e educadores sociais podem solicitar inscrição para as 50 vagas gratuitas. Basta preencher o formulário. A seleção é feita por ordem de inscrição.
PROGRAMA DE AULAS
Aula 1 – Arte, arte “primitiva”, arte popular: as armadilhas da classificação
Faremos uma discussão sobre os conceitos de arte, artesanato, “primitivo” e popular, partindo da hipótese de que as fronteiras entre as categorias são permeáveis e questionáveis. Como nos ensina a antropóloga Sally Price, a história da arte por muito tempo caracterizou expressividades que não se enquadram em seus períodos e movimentos convencionais como arte “primitiva” – supostamente atemporal, fruto de trabalho coletivo, ligada à espiritualidade ou ao inconsciente. Sob tal rótulo, criações diversas vêm sendo encaixadas, tais como pinturas rupestres pré-históricas, artes indígenas, obras produzidas em áreas rurais ou por internos de instituições psiquiátricas. Há algo em comum entre elas? Quando e por que a arte precisa de adjetivos? Essas são algumas das questões que nos mobilizarão.
Aula 2 – Apresentando “clássicos”: Mestre Vitalino, J. Borges, José Antonio da Silva e Família Julião
A partir da década de 1950, mas sobretudo nos anos 1960 e 1970, críticos, pesquisadores e marchands “descobriram” artistas autodidatas que se tornaram emblemáticos da arte popular brasileira. Um dos primeiros foi Vitalino Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino, que vendia suas figuras de barro na feira de Caruaru. Foi “descoberto” pelo antropólogo René Ribeiro, em 1959, que publicou um catálogo com sua obra, e depois foi exposto em mostras organizadas por Lina Bo Bardi. A expansão de horizontes e repertórios estéticos será o objetivo de nosso segundo encontro, por meio do contato com a vida e a obra não apenas de Mestre Vitalino, mas também de José Antonio da Silva, J. Borges, Ranchinho, Família Julião e Ditinho de Joana, entre outros.
Aula 3 – A circulação da arte popular hoje (participação de Cristina Fernandes)
No terceiro e último encontro, trataremos da circulação da arte popular nos últimos anos, com foco nas exposições organizadas pelo Museu de Arte de São Paulo sobre Maria Auxiliadora, Conceição dos Bugres e Carmézia Emiliano; na mostra individual de Chico da Silva que ficou em cartaz na Pinacoteca de São Paulo; e na exposição de Veio, promovida pelo Itaú Cultural. Nesse dia teremos participação de uma convidada, Cristina Fernandes, que falará sobre a vida e a obra de Veio e sobre a pesquisa que realizou acerca do mercado de arte popular no Brasil. Por fim, tangenciaremos a dicotomia naif versus popular.
PALESTRANTES
ILANA SELTZER GOLDSTEIN
É mestre em Antropologia Social pela USP, mestre em Mediação Cultural pela Universidade Paris 3 e doutora em Antropologia Social pela Unicamp, com estágio de pesquisa na Australian National University. Foi docente e coordenadora do MBA em Bens Culturais da Fundação Getúlio Vargas (2008 – 2014) e, desde então, é professora do Departamento de História da Arte e orientadora no Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo. Ilana é co-coordenadora da Cátedra Kaapora, voltada aos diálogos da universidade com conhecedores e conhecimentos não-hegemônicos e coordenou também a elaboração do Plano de Cultura da Unifesp. Atuou em projetos culturais junto a organizações como SESC – SP, Itaú Cultural, Fórum Permanente de Museus, Editora Companhia das Letras, Base 7 e Ministério da Cultura, além de ter participado da concepção de exposições tais quais “O tempo dos sonhos: arte indígena contemporânea da Austrália” (2017) e “Portos” (2021), que valorizaram produções artísticas que fogem aos cânones e classificações convencionais.
CRISTINA NAIARA FERNANDES
Historiadora da arte formada pela Universidade Federal de São Paulo. Foi bolsista de iniciação científica do CNPq, com pesquisa sobre o mercado de arte popular, e bolsista de extensão da Cátedra Kaapora de conhecimentos tradicionais e não-hegemônicos, na Unifesp. Trabalhou no setor educativo do Museu de Arte Moderna de São Paulo e, atualmente, está desenvolvendo pesquisa de mestrado na Universidade de East Anglia, no Reino Unido, com foco em museus e artes não hegemônicos.
MAIS INFORMAÇÕES
A divisão de conteúdos do curso é um roteiro aproximado, mas as dinâmicas e o andamento dos encontros podem sugerir a inserção de novos conteúdos ou levar à supressão de outros.
O curso terá certificado e será realizado em formato online via Zoom. O link de acesso a sala online e demais informações para início do curso serão enviadas com e-mail de confirmação de inscrição.
A pessoa aluna deverá usar o mesmo e-mail ou mesmo nome cadastrado no ato da compra para acessar a sala online, do contrário não será possível realizar o cadastro e acesso à plataforma Zoom e os recursos disponíveis para transmissão da aula. Eventuais trocas de e-mail feitas após a compra devem ser comunicadas à organização do curso até 2 dias antes do início do curso.
O curso é online, fornecido no formato síncrono, ou seja, ao vivo. As aulas serão gravadas e disponibilizadas para os alunos regularmente inscritos após o encerramento do curso e por período limitado. A equipe Pina Cursos compartilhará o link de acesso dos vídeos por e-mail e prazo de acesso.
A declaração de frequência será emitida após o término do curso. Participantes que obtiverem 75% de presença durante o curso, ou seja, logados no momento da transmissão do curso. O acesso aos vídeos das aulas do curso não será considerado na contagem de frequência.
A inscrição é pessoal e intransferível. Em caso de inscrição-presente, no momento da matrícula o pagante deve incluir os dados da pessoa convidada e informar a organização do curso sobre tal inscrição-presente, de modo a evitar possíveis equívocos de cadastro ou de compartilhamento dos conteúdos de estudo.
A utilização de meia-entrada é concedida a: estudantes, professores, pessoas com 60 anos ou mais e funcionários de instituições culturais (limite de até 5 funcionários de uma mesma instituição).
Materiais complementares como, bibliografia do curso, PDFs, links de vídeos indicados pelas professoras, serão compartilhados através de uma pasta virtual, gerenciada pelo professor e a coordenação do curso. O material ficará acessível por tempo limitado.
Pedidos de cancelamento ou transferência serão aceitos até a véspera de abertura do curso.
Pedidos de cancelamento ou transferência, enviados após início do curso, não serão considerados, visto a necessidade de organização das atividades.
O curso oferece interprete/tradução de Libras. Para audiodescrição será necessário a pessoa interessada solicitar por e-mail até 5 dias antes do inicio do curso.
Mais informações no site da Pinacoteca ou pelo e-mail cursos@pinacoteca.org.br.