O Memorial da Resistência de São Paulo apresenta a exposição de Elifas Andreato – As cores da Resistência, com cerca de 100 trabalhos, entre capas de discos, cartazes de peças teatrais, fotos de jornais e de cenários criados pelo artista nos últimos 45 anos.
Com um caráter marcadamente visual, com farta iconografia, a exposição mostra todos os aspectos da vida e obra de Elifas Andreato, com foco na resistência à ditadura militar. Entre os trabalhos realizados nesse período estão: o cartaz para a peça de teatro Mortos sem sepultura, de Jean Paul-Sartre, e a capa do disco Nervos de Aço, de Paulinho da Viola, além de edições de jornais e revistas conhecidos pela oposição ao regime militar, como: Jornal Momento, Opinião, Movimento Ex e Argumento. Entre os trabalhos realizados nos anos 1990 estão as cenografias que Elifas desenvolveu para teatro e exposições como Monteiro Lobato (1998) e Noticia Rui Barbosa (1999).
Com suas armas – o lápis, a caneta e o pincel – Elifas participou ativamente da resistência, ocupando a mesma trincheira onde toda a vanguarda brasileira combatia, junto aos talentos mais expressivos das variadas manifestações do pensamento. “Elifas foi, e continua sendo, um resistente. Resistiu nos anos de chumbo contra a ditadura, e resiste ainda hoje contra a “lógica de mercado”, editando e publicando mensalmente, há 11 anos, com enorme sacrifício, o Almanaque Brasil, na defesa da arte, história e cultura brasileiras”, afirma o curador da mostra José Carlos Bruno.
ELIFAS ANDREATO
Artista gráfico, cenógrafo e jornalista, Elifas Andreato nasceu em Rolândia (PR), em 1946. Aos 14 anos já pintava painéis, como os que decoravam o salão de festas da Swedish Match do Brasil (empresa fabricante dos fósforos Fiat Lux). Aos 22, tornou-se diretor de arte do núcleo de fascículos femininos da editora Abril. Em 1970, participou da criação da revista Placar e da coleção História da Música Popular Brasileira. Ainda na década de 70, colaborou com os semanários Opinião, O Movimento e a revista Argumento. Também trabalhou como programador visual para peças teatrais, com destaque para Ricardo III, de Shakespeare, Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre, Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal, entre outros.
No mesmo período, destacou-se como criador de capas de discos para os mais importantes nomes da MPB. O trabalho de capista continuou durante a década de 80, com destaque para discos de Chico Buarque (Ópera do Malandro, Almanaque e Vida), Vinicius de Moraes e Toquinho (Arca de Noé 1 e 2, Um Pouco de Ilusão), Toquinho (Aquarela, Casa de Brinquedo), João Bosco (Essa é Sua Vida e Bandalhismo), Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.
Nos anos 90, seu trabalho dirige-se para a área editorial, tornando-se responsável pelas coleções MPB Compositores e História do Samba, ambas lançadas pela Editora Globo. Atualmente, Elifas Andreato é responsável pela revista Almanaque Brasil de Cultura Popular¸ publicação mensal que circula a bordo dos vôos da TAM. Com 100 mil exemplares/mês, a revista divulga aspectos da cultura e da história do Brasil.