A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição Sérvulo Esmeraldo, com 117 trabalhos, entre esculturas, pinturas gravuras, desenhos e objetos, realizados em diversas fases da carreira de Sérvulo Esmeraldo (Crato, CE – 1929). Partindo do início produção do artista, nos anos 1940, a mostra apresenta suas primeiras gravuras abstratas realizadas entre os anos 1950 e 1960; expõe a série excitáveis produzida entre as décadas de 60 e 70, as esculturas geométricas vazadas feitas entre os anos 1980 e 1990, até os anos 2000 com as esculturas geométricas.
Entre os destaques da exposição estão Trilogia – livro objeto – 1950, a série de excitáveis (1962 – 1975), incluindo uma instalação construída especialmente para a mostra. Trata-se de um objeto lúdico composto por caixas de acrílico e pedaços de papel que se movem quando o espectador fricciona a superfície, gerando eletricidade eletrostática. Além deste trabalho, também será exibida a escultura O Prisma Vermelho (1989), e um desenho, sem título – 1950, que mostra jangadas navegando pelo mar na qual, segundo o curador, já é possível observar no desenho das velas, o apreço do artista pela geometria, que viria mais tarde.
Segundo o curador Ricardo Resende, a exposição Sérvulo Esmeraldo, organizada pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, é um momento oportuno depois de seis décadas de carreira para se lançar luz sobre a produção do artista. “Essa é uma chance de rever e recolocar a obra de Sérvulo Esmeraldo dentro de um contexto nacional da arte contemporânea. No momento em que a produção do artista que ficou circunscrita por décadas no Ceará, chega a um dos principais museus do Brasil, dá-se a devida importância à obra de um dos artistas mais originais e persistentes da recente história da arte brasileira”.
Sobre o artista
Sérvulo Esmeraldo nasceu no Crato, Ceará, em 1929. Escultor, gravador, ilustrador e pintor, dedica-se no início de sua carreira artística, à xilogravura. A partir de 1947, em Fortaleza, frequenta a Sociedade Cearense de Artes Plásticas – SCAP e mantém contato com Antonio Bandeira (1922 – 1967) e Aldemir Martins (1922 – 2006). Nesse período, tem aulas de pintura com Jean-Pierre Chabloz (1910 – 1984). Em 1951, trabalha na montagem da 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Após o encerramento da Bienal, passa a residir em São Paulo, exerce a função de gravador e ilustrador no Correio Paulistano e tem contato com Marcelo Grassmann (1925) e Lívio Abramo (1903 – 1992). Em 1956, funda o Museu de Gravura, na sua cidade natal, o Crato, no Ceará.
Em 1957, realiza individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP e viaja para a Europa com bolsa do governo francês. Os primeiros anos em que viveu na França foram de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Estuda litografia na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e tem acesso às obras raras da Bibliothèque Nationale de France, o que lhe permite estudar a gravura de Albrecht Dürer. Esses estudos o levam a criar uma linguagem própria, baseada nas artes gráficas. Em 1959, com orientação de Johnny Friedlaender, inicia seu trabalho de gravura em metal. As obras deste período guardam influências do abstracionismo lírico que vigorava na capital parisiense naquele momento.
Em meados dos anos 1960 integra o movimento da arte cinética, quando realiza as obras Excitáveis – quadros e objetos movidos pela eletricidade eletrostática. Retorna ao Brasil em 1978, trabalhando em projetos de arte pública, incluindo suas esculturas monumentais na paisagem urbana de Fortaleza, cidade onde vive e trabalha desde 1980, e que hoje abriga cerca de 40 de suas esculturas urbanas. Foi o idealizador e curador das Exposições Internacional de Esculturas Efêmeras (Fortaleza/CE, 1986 e 1991).
Sérvulo Esmeraldo participou de diversas exposições, entre elas: 6º Salão Paulista de Arte Moderna (1957), 5ª, 6ª, 7ª e 19ª edições da Bienal Internacional de São Paulo (1959, 1961, 1963, 1987), 14ª Trienal de Milão, 1967 – Itália, Exposição Internacional de Gravura 1970 – Cracóvia – Polônia, Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, 1974, São Paulo – SP, Um Século de Escultura no Brasil, no Masp, 1982 – São Paulo – SP, Brasil + 500 Anos: Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal, 2000 – São Paulo – SP, sua obra está representada nos principais museus do País e em outras coleções públicas e privadas do Brasil e exterior.