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Postagem: Restauro: quadro de Virgílio Maurício, “L’Heure du Gouter” (A hora do prazer), foi limpo na presença do público. Saiba mais sobre o processo
Em agosto de 2024, Teodora Carneiro, restauradora e conservadora da Pinacoteca, realizou a limpeza da obra de Virgílio Maurício, L’Heure du Gouter (A hora do prazer), 1914, com a presença do público em sala expositiva.
Essa não é uma atividade tão recorrente na Pinacoteca, embora qualquer visitante possa apreciar o processo de restauro de obras — o Ateliê de Conservação e Restauro tem portas e janelas de vidro —, a raridade do evento está no fato de que ele foi feito com o quadro ainda na parede, na sala 15 do edifício Pina Luz, na exposição permanente do museu, “Pinacoteca: Acervo”.
“Eu acho sempre legal fazer isso na frente do público e é uma obra que eu acho muito bonita.” conta Teodora Carneiro, restauradora e conservadora da Pinacoteca há 33 anos.
Como foi a limpeza do quadro de Virgílio Maurício
A limpeza foi feita em duas etapas: uma na frente do público, dentro da galeria expositiva, e outra já dentro do Ateliê. O motivo é simples: a primeira etapa envolveu apenas limpeza aquosa. A continuação do processo foi feita com solventes, material que deve ser manipulado dentro do laboratório, com equipamento específico.
Como qualquer quadro , L’Heure du Gouter tem uma camada de verniz que, com o passar dos anos, adquire poeira, gordura e poluição. Depois de limpar a sujeira, é esse verniz antigo que será retirado:
“É como pintar uma mesa. Se ela está cheia de pó, você não vai lá com um rolo e pinta, porque vai grudar toda a poeira no rolo. Acontece a mesma coisa com uma obra suja se você for remover o solvente sem limpar antes”, explica Carneiro.
Desafios
Em nossa conversa, Teodora comentou a necessidade de estudar como limpar a parte mais alta da obra em segurança, afinal A hora do prazer é um quadro grande, com 236 x 334 centímetros: “Talvez limpe a parte mais alta e mais baixa dentro do Ateliê”, disse ela.
A segunda etapa, que também pôde ser vista pelo público — mas dessa vez através do vidro da sala do Ateliê —, foi o teste de solvência. Trata-se de um processo bem comum, ainda que possa soar desafiador para quem não é familiarizado com restauro e conservação de obras de arte.
O teste de solvência consiste em analisar um tipo de solvente em partes pequenas da obra. Após isso, é preciso observar se foi dissolvida somente a camada de verniz e não houve danificação da pintura original do artista, que pode amolecer ou ser removida.
“Dependendo de como o artista trabalhou a tinta, ou do tipo de tinta que ele usou, eu tenho que fazer diversos testes”, diz a restauradora.
Por que limpar a obra A hora do prazer
Para Teodora, restaurar e limpar uma obra na frente do público é sempre mais interessante. Mas além disso, a restauradora da Pina apontou outros motivos para ter escolhido o quadro L’Heure du Gouter:
“Acho que a obra representa muito bem a coleção da Pinacoteca em termos de identificação da coleção. É de um artista brasileiro importante, tem todas as características de uma obra acadêmica. Mas quando você anda pela sala da exposição, você percebe que ela tem uma cor diferente das outras, que ela está amarelada. Era uma das obras mais importantes e mais bonitas do acervo, mas que a gente nunca teve tempo hábil para ficar tanto tempo restaurando, e agora vou conseguir fazer!”
Saiba mais sobre essa e outras obras no acervo online da Pinacoteca!
Quem escreveu:
Autor da Postagem: Pina
Equipe Pinacoteca