Na efeméride de 60 anos do Golpe Militar brasileiro (1964–1985), a Pinacoteca, em realização conjunta com o Memorial da Resistência de São Paulo, constrói diálogos sobre o estado de exceção a partir dos acervos artísticos e documentais de ambas as instituições. A exposição conjunta ocupa o 2º andar da Pina Estação.
A mostra acontece no edifício da Pina Estação, que sediou até 1983 o Deops/SP — Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo —, que atuava como aparelho de repressão política do Estado e onde inúmeras pessoas foram presas e torturadas durante a Ditadura Civil-Militar (1964–1985), e hoje é ocupado pelo Memorial da Resistência de São Paulo e a Pinacoteca de São Paulo.
A exposição parte da Coleção Alípio Freire, doada ao Memorial da Resistência em 2023. Será a primeira vez que o conjunto, composto por trabalhos de ex-presos políticos dos presídios de São Paulo durante o período ditatorial e reunidos por Alípio Freire e Rita Sipahi, será mostrado ao público na Pinacoteca.
Entre os destaques da mostra, está a obra do acervo da Pinacoteca Fantasmas da Esperança (2018), de Marcela Cantuária, que traz elementos simbólicos que a exposição propõe discutir.
ACERVOS E COLEÇÕES
Do acervo da Pinacoteca são destaques as obras A Corda (1967) de Neide Sá, que será apresentada em nova configuração, e Desdobramentos (2017), de Jefferson Medeiros.
Em diálogo com a coleção da Pinacoteca está parte do acervo do jornalista e ex-preso político Alípio Freire (in memorian) e sua esposa Rita Sipahi, que reúne registros de presos políticos na Ditadura Civil-Militar (1964–1985). Estão reunidas pinturas, desenhos, colagens e gravuras, realizadas em diferentes presídios da cidade de São Paulo, como Tiradentes, Carandiru, Penitenciária Feminina, Hipódromo, Presídio Militar Romão Gomes (Barro Branco) e no próprio Deops/SP, durante os anos 70. As obras integram, desde 2023, o acervo do Memorial da Resistência de São Paulo.
Já o coletivo Mulheres Possíveis apresenta projeto artístico multidisciplinar desenvolvido pelas artistas Beatriz Cruz, Leticia Olivares, Sandra Ximenez e Vânia Medeiros em colaboração com mulheres em situação de cárcere na Penitenciária Feminina da Capital desde 2016.
O acervo traz visibilidade para a situação do cárcere nos dias atuais, tendo a narrativa do corpo como centro da experiência. Na exposição, o público poderá ver as imagens produzidas por mulheres em privação de liberdade durante as oficinas do projeto e que resultaram na publicação Mulheres Possíveis- corpo, gênero e encarceramento em 2019.
Por fim, o acervo Bajubá, projeto comunitário de registro de memórias das comunidades LGBT+ brasileiras, reúne uma coleção de itens que registram a diversidade sexual e a pluralidade de expressões e identidades de gênero no país também no período militar. Parte desse arquivo poderá ser visto na exposição.
Mais informações
“Sol Fulgurante: arquivos de vida e resistência” tem curadoria de Lorraine Mendes.
Serviço
Local: Pina Estação (2º andar)
Data: de 6 de abril a 18 de agosto de 2024
Endereço: Largo General Osório, 66, Santa Efigênia, São Paulo — SP.
Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h.
Fotos
Imagens: Levi Fanan